terça-feira, 28 de junho de 2011

Amílcar Cabral já é nome de avenida em França

Uma avenida de Saint-Denis, França, foi baptizada este fim-de-semana com o nome de Amílcar Cabral, fundador do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Um acto que, segundo o «maire» daquela cidade da grande Paris, visa «perpetuar a memória de um homem de convicções, um homem de Estado, que consagrou toda a sua vida a servir o ideal da emancipação». Parentes e amigos do homenageado, além de cabo-verdianos radicados em França, participaram sábado passado, 5 de Julho, na inauguração da Avenida Amílcar Cabral em Saint-Denis, uma cidade em crescimento situada na periferia de Paris. O evento fez parte do programa alusivo aos 33 anos da independência de Cabo Verde, destacando o «maire» Didier Paillard a sua satisfação por Saint-Denis ser a primeira urbe francesa a ostentar o nome do fundador do PAIGC.



"Para uma cidade, escolher o nome duma rua ou dum local não é um acto anódino, é um engajamento, é um acto que exprime um valor, um meio de se apropriar uma história comum, um património, uma memória", declarou Didier Paillard, diante de diplomatas africanos, membros da comunidade cabo-verdiana, bem como de Ana Maria, Iva e Luís Cabral, respectivamente, viúva, filha e irmão do homenageado.

A escolha feita por Saint-Denis, acrescentou Paillard, é a justa recompensa a um homem de convicção, um homem de Estado que consagrou toda a sua vida a servir um ideal de emancipação, mas também um gesto de amizade para a comunidade cabo-verdiana e a reparação duma injustiça para com a África. «A partir de 5 de Julho de 2008, a Avenida Amílcar Cabral nos ligará para sempre a Cabo Verde, através de um homem que lutou pelo seu povo, pagando com a própria vida», concluiu.

Por seu turno, o embaixador José Armando Duarte exprimiu a satisfação dos cabo-verdianos em ver o nome de Amílcar Cabral a ser hoje parte da toponímia de Saint-Denis. «Amílcar Cabral é, com efeito, uma referência incontornável para os cabo-verdianos», afirmou. «Ele é o símbolo da unidade dos povos cabo-verdiano e guineense, o símbolo da esperança colectiva que nós continuamos a perseguir, a cada novo dia (...), por um mundo mais justo».



Além da inauguração da Avenida Amílcar Cabral, o 33º aniversário da independência de Cabo Verde em Saint-Denins ficou ainda marcado por uma exposição de pintura de Tchalé Figueira e uma outra de fotos alusivas ao homenageado, um espectáculo musical em que participaram vários artistas crioulos residentes em França. Também a revista «Latitudes», que agrupa intelectuais de vários países lusófonos e que se publica em Paris, lançou por estes dias o seu número 32, tendo como Amílcar Cabral como tema principal. Essa edição foi coordenada por Luís Silva, que antes já havia coordenado uma outra edição, esta dedicada a Baltasar Lopes da Silva.

Nascido a 12 de Setembro de 1924 em Bafatá, na Guiné-Bissau, filho de pais originários de Cabo Verde, Amílcar Cabral fundou em 1956 o PAIGC com Luís Cabral, o seu meio-irmão (ex-Presidente da Guiné-Bissau), Aristides Pereira (ex-Presidente de Cabo Verde) e outros companheiros. A sua morte, a 22 de Janeiro de 1973, em Conakry, é considerada um dos momentos mais tristes da luta pela emancipação africana. Em 1999 a revista «Jeune Afrique», elegeu Cabral como uma das 10 figuras políticas mais importantes de África do século XX, ao lado de Nelson Mandela, Leopold Senghor, etc.

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